A BR-226, no trecho maranhense entre as cidades de Barra do Corda e Grajaú, vive um período histórico de tranquilidade. Desde junho de 2022, a rodovia federal não sofre bloqueios realizados por indígenas da etnia Guajajara, marcando o mais longo intervalo de paz dos últimos 35 anos.
Durante décadas, o trecho foi palco de constantes interrupções, que causaram prejuízos incalculáveis, violência e até mortes. Os bloqueios eram organizados por uma minoria, mas com força suficiente para impedir que a maioria dos próprios indígenas se opusesse às ações.
Em 2009, a rodovia ficou bloqueada por quase 15 dias, exigindo uma grande operação conjunta liderada pelo Governo Federal, com a participação de todas as forças de segurança do país, para restabelecer o tráfego.
No ano seguinte, 2010, os bloqueios voltaram a ocorrer, e se repetiram anualmente até 2022.
Mas em 2022, a paciência das autoridades chegou ao limite. Após sete dias de interdição, e a pedido do Ministério Público Federal e da Polícia Rodoviária Federal, um juiz federal emitiu uma das decisões mais firmes já registradas: determinou a liberação imediata da BR-226, sob pena de multa de R$ 20 mil por cada líder do movimento e prisão em caso de descumprimento.
A decisão também autorizou o uso de toda a força do Estado, permitindo o acionamento do Exército, PRF, Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil e Força Nacional para garantir a desobstrução da via.
Desde o dia 9 de julho de 2022, a BR-226 nunca mais foi bloqueada.
O marco é visto como resultado da atuação firme da Justiça Federal, que deixou claro, mesmo que nas entrelinhas, que a rodovia não pertence apenas aos indígenas, mas a todos os brasileiros.
Três anos depois, a região vive um tempo de paz duradouro. E que assim permaneça.





