Barra do Corda/MA, 28 de março de 2024
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Barra do Corda/MA, 28 de março de 2024

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Veja aqui a homenagem de Marinete Moura para Barra do Corda que completa 185 anos

BARRA DO CORDA, AMOR DE MINHA VIDA, PRECISAMOS SER DO TAMANHO DE NOSSA HISTÓRIA!

Marinete Moura da Silva Lobo

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Quem conhece Barra do Corda, não esquece esse pedaço de chão. Certamente, todos que têm essa oportunidade compreendem porque seus filhos lhe devotam tamanho amor e os que lhe adotaram como “terra-mãe” testemunham em seus corações igual sentimento. É até difícil falar dessa cidade algo que ainda não tenha sido, em algum momento, dito por alguém. Também, pudera! – por tudo o que ela foi (e é!) e pelos barra-cordenses que “deu à luz” – seria natural que a nossa Princesa do Sertão já tivesse sido cantada em verso e prosa por muitos.
Inicialmente, a cidade encanta por suas paisagens. Dois belos rios, Corda e Mearim, que abraçam o território localizado quase no coração do Maranhão, em seu centro geodésico, como diria Carlota Carvalho em seu livro “ O Sertão”. Nestas paragens, o relevo não alcança grande altitude, mas do alto dos pequenos morros se pode contemplar verdadeiros mares verdes, com uma vegetação muito rica e variada em sua formação, que ainda resistem verdejantes, mesmo nos meses de maior calor. A propósito, quando cessam as chuvas, o solo é tomado pelo lindo lilás da flor de Jitirana, muito característica daqui do nosso “Sertão de Águas”, como denomina o historiador Alan Kardec Pacheco, onde encontramos também riachos, brejos, cachoeiras e, nesses locais, a vista é apaixonante.
É importante dizer que neste pedaço de sertão também nos encantam os povos originários. Por razões históricas de sua própria dinâmica, pelas questões ligadas ao processo de colonização que os afastou do litoral ou outras áreas de domínio mais antigas e, certamente, atraídos pela exuberância da natureza, muitos povos indígenas se estabeleram na região. Das várias etnias a Pedagoga, Historiadora, Administradora Pública, Mestra e Doutora em Ciências da Educação, Mestra e Doutoranda em Ensino, membro da Academia Barra-Cordense de Letras, restam , atualmente, resistindo contra todas as dificuldades, os Tenetehara- Guajajara os Ramkokamekrá-Canela e os Apaniekrá-Canela. Resistem tal como o Caiuré Imana, que, pela sua bravura na defesa de seu povo, tanto orgulha e simboliza o heroísmo nativo pelo desejo de existir. Há, também, outros povos com populações menores como os Krenyê (localizados recentemente na zona rural de Tuntum, fazendo limite com o município de Fernando Falcão) , os Krepun-Kateyê (Itaipava do Grajaú). São todos hospitaleiros, gentis e povos de imensa importância para a conservação da natureza, para o enriquecimento cultural e humano da cidade que, a propósito, no imaginário dos não-cordinos, é uma “cidade de índios”, título que, sinceramente, muito nos deveria honrar, pelo significado histórico destes nossos parentes para a cidade de Barra do Corda.

E por falar da cidade, Melo Uchôa, deve ter sido arrebatado pelo mesmo encantamento que seduz a todos que aqui chegam, pelas razões já mencionadas. O fundador escolheu este lugar para cumprir uma de suas missões mais nobres. Manoel Rodrigues de Melo Uchôa, foi um cearense de nascimento, patente de Tenente, ex-combatente da Batalha do Jenipapo (que, em 1823, se inscreve no conjunto dos movimentos para assegurar a independência do Brasil, na qual os brasileiros impediram de ter sucesso as investidas do regimento liderado pelo major português Cunha Fidié, encarregado de manter a região mais ao norte do território brasileiro fiel a Portugal).

Talvez subestimado historicamente por nós, dada sua importância, Uchôa, já participante vitorioso daquele movimento – portanto, um dos muitos heróis quase anônimos de nossa História – mas vivendo as dificuldades do clima da região em que residia, no Ceará, sempre envolto em muita aridez, partiu, na década de 1830, em direção a este território sem um lugar certo de destino, mas visando se estabelecer em terras férteis. O grande escritor barra-cordense Galeno Brandes, em sua obra – que deveria ser de leitura obrigatória a todo cordino! – “Barra do Corda na História do Maranhão”, sobre essa epopéia, também, nos diz que o nosso militar fundador recebeu a missão de estabelecer, nestas plagas, uma povoação que seria muito importante como complementação da ligação, para o território maranhense, entre o litoral e o Sertão, como assegura, ainda, o historiador barra-cordense de coração, Carlos Eduardo Everton.

Por volta de 1835, Uchôa, após longa jornada, contando com um grupo formado predominantemente por amigos e indígenas (estes últimos fundamentais para o processo por serem conhecedores da região) teria chegado a estas terras e, segundo o imaginário local, contemplado o lugar, de cima, do Morro do Calvário, a nossa acrópole, avistando o encontro dos rios. Foi neste cenário paradisíaco que fundou o Povoado Missões, que viria a se chamar, ainda, Vila de Santa Cruz da Barra do Rio Corda; Barra do Rio das Cordas e, finalmente, Barra do Corda, como a conhecemos hoje por seu nome oficial.

Nossa cidade, embora longe de personificar uma democracia étnico- racial que não existe em lugar algum, foi construída sobre o esforço heróico de todos os seus habitantes.

Heróis pouco reconhecidos, como Melo Uchôa, outros, indevidamente negados por alguns como o Cacique Caboré, ou Caiuré Imana, e incontáveis heróis que, de forma anônima, todos os dias saem de suas casas para trabalhar na lavoura, na pecuária, no comércio, nos órgãos públicos, nas empresas privadas, nos transportes, na limpeza, para lecionar, para garantir nossa segurança, nossa saúde…enfim…são incontáveis heróis e heroínas que não estarão nos livros, nas poesias ou canções que os herdeiros do genial Maranhão Sobrinho escrevem de forma habilidosa e magistral.

Cada um e cada uma de nós, que faz sua parte para escrever a história deste município, reconhecendo o valor de tudo que ele foi, importante desde seu nascimento, e batalhando para que ele, mesmo em face de todas as dificuldades que se apresentam é e será fundamental para que Barra do Corda retome sua vocação de cidade grande e volte a crescer… Precisamos ter mais motivos para nos orgulhamos tanto do seu presente quanto temos orgulho de seu passado.

Somos parte dessa nobre missão de construir uma cidade cada vez melhor, desenvolvida, de um povo feliz, educado, saudável e seguro… Com uma juventude que possa sonhar com um futuro aqui mesmo e que possamos aproveitar nossos talentos, que são muitos e grandiosos. Da mesma forma que nos mantemos apaixonados por cada palmo deste chão e nos orgulhamos de toda a história de nosso lugar, cabe a todos e todas lutar a cada dia para que possamos estar satisfeitos com o seu presente e projetar em seu futuro um cenário na proporção da grandeza que deve ter, em lugar de destaque. Nossa gente, por tão nobre sentimento de amor, merece essa transformação. Esse futuro promissor sempre esteve e está em nossas mãos. Barra do Corda precisa voltar a ser do tamanho de sua história

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