Barra do Corda/MA, 17 de maio de 2024
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Frei, ex-pároco de Barra do Corda, é denunciado por abuso sexual praticado contra adolescente de 13 anos

Segundo o relato da vítima, o crime teria sido cometido pelo padre Frei Luis Spelgatti da ordem Franciscana, com a anuência de outros líderes religiosos, nas cidades de Barra do Corda, Grajaú, São Luís e Imperatriz.

Frei, ex-pároco de Barra do Corda, é denunciado por abuso sexual praticado contra adolescente de 13 anos

Documento obtido com exclusividade pelo Blog do Neto Ferreira revela o suposto caso de pedofilia em, pelo menos, duas igrejas católicas do Maranhão. A denúncia foi feita ao Tribunal Eclesiástico Interdiocesano de Goiânia (GO) em setembro de 2020, mas somente agora a reportagem teve acesso aos fatos.

Segundo o relato da vítima, o crime teria sido cometido pelo padre Frei Luis Spelgatti da ordem Franciscana, com a anuência de outros líderes religiosos, nas cidades de Barra do Corda, Grajaú, São Luís e Imperatriz.

O autor da denúncia, que preferiu não se identificar por medo de represália, afirma que foi abusado sexualmente pelo frei quando ainda era um adolescente de 13 anos.

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De acordo com o documento, os abusos teriam iniciado em 2001 na cidade de Barra do Corda durante uma confissão com Spelgatti, que é a preparação para a Primeira Comunhão – ato religioso da Igreja Católica.

A vítima narra que dentro do confessionário foi interrompida pelo frei, que era pároco da sede da diocese de Grajaú, e teve suas partes íntimas tocadas. Após o primeiro abuso, Spelgatti disse ao jovem que iria procurá-lo e, então, começou a seguí-lo, a frequentar a sua comunidade e aulas de catequese da Primeira Comunhão, em Barra do Corda.

Na época, o adolescente foi convidado para reuniões do grupo de jovens da Mini Juventude Franciscana (Minijufra) e nos encontros os abusos voltaram acontecer dentro da casa paroquial. Inclusive, ele garante que fazia viagens frequentes com o pároco, que lhe dava grandes quantias em dinheiro.

“O Frei Luiz começou a tirar minha roupa, tocar meu corpo, fazer sexo oral em mim. Durante vários anos, uns 5 anos, ele sempre me dava grande quantia de dinheiro, por isso deixei meus estudos. Fiquei viciado na situação por ser de família pobre e estava ganhando dinheiro. Ele me levava para motéis, estava um relacionamento escancarado. (…) Por cinco anos tivemos um relacionamento em que íamos a motéis e ficávamos juntos na casa paroquial”, detalhou.

O caso foi descoberto pela mãe da vítima durante a cerimônia de unção do enfermos em sua casa, quando Luis Spelgatti, sem pudor algum, pegou em suas partes íntimas na frente de todos.

Logo, o adolescente foi mandado para a cidade de Curitiba, mas o padre não deixou de se comunicar com o adolescente. Segundo o depoimento, o religioso fazia depósitos bancários frequentes nos valores de R$ 300, R$ 400 para a vítima.

Em outro trecho da denúncia, o autor diz que Spelgatti pagou sua passagem de volta para Barra do Corda e, a partir disso, passou a frequentar a casa do líder católico em Grajaú, pelo menos, três vezes por semana. Nesses encontros, o frei levava a vítima de carros para lugares distantes para manter relações sexuais.

Em seguida, o padre foi transferido para a paróquia da Igreja Nossa Senhora do Pérpetuo Socorro, no bairro da Cohab, em São Luís, mas, mesmo assim, continuou em contato com a vítima, que ia ao ser encontro, que sempre ocorriam em motéis da capital maranhense.

“O frei me buscava na casa da minha prima e íamos a motéis ou lugares desertos perto das praias. Novamente, mantivemos relação sexual por mais três anos. Durante um ano eu ia de ônibus ou de carona, mas depois ele me deu de presente uma moto zero quilômetro através da minha mãe”, relatou.

Em meados de 2013, Luis Spelgatti foi novamente transferido de paroquia, mas dessa vez para São Francisco de Assis, em Imperatriz. Por lá, os encontros sexuais com a vítima continuaram. No entanto, o frei mudou e acabou com o relacionamento.

“O frei começou a dizer que eu estava gordo e não servia mais para ele, pois não era mais um jovem bonito. (…) Eu percebi que havia sido vítima de abuso que durou mais de uma década e que ele me descartou como se fosse um lixo”, disse.

Conforme consta no depoimento ao Tribunal Eclesiástico, o superior de Luis Spelgatti foi procurado pelo advogado da vítima e teria oferecido a quantia de R$ 15 mil como forma de indenização, porém a proposta foi recusada.

“Estou aqui hoje porque não quero dinheiro, mas porque ele continua abusando de rapazes menores de idade em sua paróquia, especialmente no grupo de coroinhas”, garantiu a vítima.

Morando em Goiânia (GO), o autor da denúncia afirma que até hoje recebe ameaças e que tem medo de voltar para Barra do Corda por medo de represálias e perseguição.

“Vários membros da Província Nossa Senhora do Carmo dos Frades Menores Capuchinhos se uniram para perseguir o depoente”, diz trecho do denúncia.

Hoje, a vítima está com 34 anos e possui traumas psicológicos em decorrência da série de abusos supostamente cometidos pelo padre.

O frei Luis Spelgatti foi para paróquia de Capanema, no Pará, e atualmente está em São Luís. A reportagem tentou contato com ele e com a paróquia, mas não obteve sucesso.

Matéria do Blog do Neto Ferreira

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